Para implantar um programa de IATF de sucesso, atente-se a 5 pontos fundamentais:
1. Escore de condição corporal
A condição corporal da fêmea influencia diretamente o resultado da técnica de IATF. Assim, quanto mais magras as vacas, pior será a taxa de prenhez. Dessa forma não haverá bons resultados, se as matrizes estiverem em condição corporal ruim. Ressalta-se que o escore 3 é o limite mínimo para o animal entrar em protocolo de IATF.
A vaca parida, pela própria fisiologia de demanda da produção de leite, tende a diminuir a condição de escore corporal. Nesse caso, uma das grandes vantagens da IATF é fazer o retorno da ciclicidade nessas fêmeas em anestro. Por isso, existe um padrão ideal entre os escores 3 e 5, em que o escore 6 classifica um animal com excesso de gordura e não ideal para a reprodução. O ideal é utilizar vaca parida com no mínimo 30‒35 dias e no máximo 45‒50 dias (dependendo do escore). E quanto mais tempo ela demorar para entrar no protocolo de IATF, pior ela ficará de escore, por causa do balanço energético negativo (BEN).
É importante lembrar que as vacas paridas devem ter no mínimo 30‒35 dias de pós-parição para poderem entrar no programa de IATF. Por isso, para a implantação da IATF, deve-se ter o controle individual de cada animal, ou seja: é necessário numerá-las e identificá-las para avaliar e acompanhar quais animais serão inseminados.
2. Equipe treinada e material adequado
É fundamental que a equipe esteja treinada para utilizar corretamente os hormônios em suas aplicações e o sêmen na sua manipulação durante a inseminação. Na equipe, deve haver o responsável técnico pela escolha do protocolo. O médico veterinário saberá escolher o melhor protocolo hormonal para cada categoria de fêmeas, bem como o manejo mais adequado, dependendo do tamanho da fazenda, tamanho dos lotes, número de mão de obra disponível, etc.
Toda a equipe deve estar ciente da importância do comprometimento com o cumprimento dos protocolos hormonais (dia e horário correto de cada hormônio, dosagem e uso correto de cada seringa e agulha ‒ lembrando que a aplicação dos hormônios é via intramuscular), o manejo com o gado e o cuidado na apartação de bezerros. Assim o papel do inseminador, dos auxiliares e dos técnicos é imprescindível no preparo, dedicação, responsabilidade e competência para a IATF.
3. Infraestrutura adequada
Um grande gargalo na realização da IATF é a falta de infraestrutura adequada para o manejo das fêmeas: tronco, curral, piquetes, bebedouro e cerca. Caso a propriedade não possua um bom curral com tronco de contenção e piquetes com água, tanto para manutenção das fêmeas durante as passagens no manejo do protocolo, bem como, para depois da inseminação, os índices de prenhez serão certamente afetados de forma negativa.
4. Sêmen
O chamado “efeito touro” explica por que um determinado touro é um espetáculo de prenhez, enquanto outro não, sendo que ambos podem ter qualidade seminal semelhante. A qualidade do sêmen e o conhecimento dos índices de prenhez do touro de repasse são fundamentais. Usar sêmen com alta qualidade e com bons índices de prenhez aumenta a eficiência reprodutiva (nascerão mais bezerros), porém é importante também usar touros com boa avaliação genética, assim também ocorrerá aumento de bezerros de melhor qualidade.
5. Planejamento
- Decidir pela implantação da IATF: Aparte as fêmeas, retirando as prenhas do programa de IATF e forme os lotes (vacas paridas devem ter pelo menos 30‒35 dias de pós-parição) e realizar a IATF durante o período da estação de monta, podendo ser uma IATF e repasse com touros ou ressincronização até final da estação.
- Comprar todos os insumos na quantidade em que serão utilizados: Hormônios, incluindo implantes, seringas, agulhas, luva de procedimento, luva de palpação, bainhas, aplicadores, pinça, cortador de palheta, descongelador de sêmen, botijão de sêmen, nitrogênio líquido (Faça um check-list!!).
- Compra de sêmen: Computar a data de entrega e a quantidade de doses disponíveis do(s) touro(s) de interesse, bem como a entrega para serem utilizados na estação de monta.
O técnico responsável deve ter competência para verificar, e, principalmente, agir em tempo hábil, se houver algum problema durante a realização da IATF, para que bons resultados sejam alcançados. Por exemplo: tomada de decisão de alterar protocolo ou partida de sêmen do touro, ou data de início do protocolo pela condição corporal do lote, etc.
Autores: Juliana Corrêa Borges Silva (EMBRAPA Pantanal), Márcio Ribeiro Silva (Melhore Animal Consultoria Ltda.), Ériklis Nogueira (EMBRAPA Pantanal), Alessandra Corallo Nicacio (EMBRAPA Gado de Corte), Urbano Gomes Pinto de Abreu (EMBRAPA Pantanal).
Texto completo em: Como implementar inseminação artificial em tempo fixo em sua fazenda: conheça os pontos-chave / Juliana Corrêa Borges Silva... [et al.]. – Brasília, DF: Embrapa, 2022. PDF (24 p.).