Distocia em vacas: o que é e como proceder?

Categoria: Reprodução
Vaca ao parto

A chegada de um novo bezerro é sempre uma grande alegria, porém o parto é um momento de alto risco para mãe e filhote e merece um olhar redobrado do produtor e profissionais da fazenda.

Problemas durante o trabalho de parto, como a distocia, caracterizada pela dificuldade na realização do parto, estão cada vez mais recorrentes. Os artigos relacionados ao tema apontam índices de prevalência média de distocia em bovinos com grande variação, de 3 a 25%.

Eu sei. Números como esses deixam qualquer um de cabelo em pé.

É por isso que neste artigo vamos destrinchar esse problema tão recorrente na bovinocultura, mostrando como identificá-lo, apresentando suas causas e, principalmente, o que fazer diante de um parto distócico.

O que é distocia?

O esperado num trabalho de parto é que o feto e seus envoltórios sejam expulsos do útero por meio da dilatação da via fetal e de contrações uterinas e abdominais. Neste caso utilizamos o termo eutocia, quando não há necessidade de auxílio no parto.

Sim, o termo é bem parecido com distocia, porém ambos têm significados bastante distintos.

Isso porque a distocia é uma complicação ou dificuldade em realizar o parto de maneira normal, sendo uma das condições obstétricas mais importantes de competência do médico veterinário, na qual há necessidade de intervenção para que o produto venha a nascer, minimizando riscos ao feto e à parturiente (ANDOLFATO e DELFIOL, 2014).

Inclusive, o termo distocia tem origem grega: “dys” significa difícil e “tocos” significa nascimento (PICANÇO, 2020).

Como identificar uma distocia?

Para alguns autores estamos diante de um parto distócico quando o processo é prolongado ou difícil, com primeira e segunda fases mais demoradas que o normal e com necessidade de mais assistência que o esperado.

Diversos fatores, como a escolha do touro utilizado no acasalamento, condições de criação desta fêmea, cuidados pré-natais, entre outros, podem influenciar esta ocorrência.

Quais são as causas da distocia?

Existem causas multifatoriais que podem originar dificuldades no parto, podendo estas ser de origem materna, como os defeitos nas forças expulsivas e constrição no canal pélvico (pelve inadequada ou dilatação insuficiente); ou de origem fetal, e ainda, por desproporção materno-fetal, a mais comum (origem materna e fetal).

As causas fetais ocorrem principalmente por alteração da estática fetal, partos gemelares ou múltiplos fetos, deformações fetais e morte fetal (FERNANDES, 2019).

O que fazer em caso de distocia?

A decisão de intervir, durante o atendimento a uma vaca em trabalho de parto, deve levar em consideração vários parâmetros técnicos relacionados, como a condição clínica geral da parturiente, progressão do parto, força e frequência de contrações, viabilidade e estática fetal.

É preciso redobrar os cuidados quanto ao monitoramento. Se o exame da fêmea não apontar qualquer anomalia e houver início de dilatação cervical, deve-se monitorar a cada hora. Já nas próximas fases do parto (dilatação e expulsão), a cada 30 minutos.

Se entre os exames não há evolução e/ou há diminuição da viabilidade fetal, deve-se interceder realizando-se manobras obstétricas ou procedimentos cirúrgicos, caso sejam indicados.

O médico veterinário é peça-chave e fundamental na prevenção deste problema na bovinocultura.

Sua participação na escolha dos acasalamentos, no manejo sanitário, nutricional, reprodutivo e orientando implementações relacionadas a boas práticas na criação é indispensável.

Além disso, somente o médico veterinário está capacitado para diagnosticar, decidir se há a necessidade de intervir e instituir a conduta adequada neste tipo de atendimento.


Nós nos vemos em breve!

Até mais.

Referências

ANDOLFATO, G. M., DELFIOL, D.J. Z. Principais causas de distocia em vacas e técnicas para correção: revisão de literatura. Revista científica de Medicina Veterinária ano XII, Número 22, 2014.

FERNANDES, M.C. Distocia em bovinos de carne. Dissertação de Mestrado. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Portugal, 2019.