Gado de corte: Conheças as principais características reprodutivas

Categoria: Reprodução
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Em se tratando de maximização da produção, diversos são os fatores que precisam ser considerados nos sistemas de produção de gado de corte, entre eles os aspectos nutricionais, genéticos, reprodutivos, sanitários e de manejo geral.

A reprodução, por exemplo, é uma característica importante para os sistemas de produção de bovinos. Ela não só melhora os lucros da atividade, como também possibilita a criação de programas de seleção animal, graças ao aumento da taxa anual de novilhas para reposição.

Inclusive, este tópico será o centro da discussão de hoje. Vamos falar sobre as principais características reprodutivas e como você pode aproveitá-las. Siga a leitura!

A importância do desempenho reprodutivo

Analisar características ligadas ao desempenho reprodutivo é crucial para avaliar o quão bem os rebanhos de gado de corte se adaptam ao ambiente em que são criados.

Além disso, as características reprodutivas exercem impacto significativo nos programas de melhoramento genético, influenciando diretamente no sucesso deles, como comentei anteriormente.

O desempenho reprodutivo dos rebanhos é um dos fatores determinantes da eficiência de produção da bovinocultura. Por isso, é fundamental incluí-lo nos planos de aprimoramento genético.

A otimização da eficiência reprodutiva contribui para o aumento do desempenho e da lucratividade do sistema de produção pecuário.

Basicamente, os índices reprodutivos são utilizados como ferramentas para gerenciamento de um rebanho.

Eles são obtidos a partir de informações colhidas dos exames reprodutivos e do registro das datas dos eventos ocorridos durante a vida do animal (nascimento, estros, acasalamentos, partos e abortos).

Em resumo, esses índices ajudam a controlar o rebanho, fornecendo informações poderosas para tomada de decisão, como escolher os melhores animais para a produção e retirar os menos produtivos.

Em geral, essas características são transmitidas aos descendentes em níveis baixos a moderados, principalmente por causa do impacto do ambiente. Isso significa que elas precisam de boas condições de cuidado e manejo para terem resultados mais eficazes no rebanho.

Idade para o primeiro parto (IPP)

A idade para o primeiro parto (IPP) é crucial para maximizar a eficiência da pecuária e diminuir os custos de produção. Isso acontece porque as fêmeas de reposição iniciam a reprodução mais cedo, trazendo economia.

A IPP é fácil de medir e está ligada à longevidade das fêmeas. Por isso, é uma característica muito valorizada em programas de melhoria que buscam avaliar a eficácia reprodutiva dos rebanhos de gado de corte.

Normalmente, as estimativas de herdabilidade para essa característica variam de um nível baixo a moderado.

Antecipar a idade do primeiro parto está diretamente ligado à eficiência e à lucratividade na produção de carne bovina. Novilhas com IPP menor têm uma vida produtiva mais longa em comparação àquelas que têm partos mais tardios.

A propósito, fêmeas que têm o primeiro parto mais cedo ficam menos tempo sem reproduzir, o que resulta em mais bezerros nascendo e, consequentemente, mais lucro.

Logo, considerando os aspectos zootécnicos, reduzir a idade do primeiro parto trará retorno ao investimento, prolongando a vida útil dos animais. Isso permite uma seleção mais intensa nas fêmeas e diminui o tempo entre as gerações.

Na prática, as novilhas com IPP, ocorrendo aos dois anos de idade, deverão produzir mais bezerros do que aquelas que parem aos três anos de idade. Desta forma, ocorrerá aumento do progresso genético e da lucratividade dos sistemas de produção.

Intervalo entre partos (IEP)

Outro aspecto de grande relevância para a avaliação da eficiência reprodutiva e produtiva de rebanhos é o intervalo entre partos (IEP).

Na reprodução, esse índice é composto pelos períodos de serviço e gestação. Em relação à produtividade, ele é definido pelos períodos de amamentação e seca, ou seja, períodos sem produção de leite.

No contexto da produtividade, ele está voltado para a matriz parir pelo menos um bezerro por ano e desmando, de preferência, com 50% do seu peso vivo.

A durabilidade do IEP tem um impacto crucial na lucratividade da atividade pecuária. Isso ocorre porque ela determina a quantidade de bezerros que uma vaca pode produzir ao longo de sua vida e também define o período entre gerações de animais, o que irá limitar a intensidade de seleção do rebanho.

Sempre que o intervalo entre partos for maior, consequentemente menor será a produtividade do animal, gerando prejuízos na eficiência reprodutiva do rebanho.

Um ponto a ser ressaltado é que este índice gera importantes informações sobre a reprodução, com reflexos na relação custo-benefício da atividade.

Por exemplo, um IEP superior a 365 dias prejudica a eficiência reprodutiva dos animais, pois não atende a produção de um bezerro/ano/fêmea no rebanho.

Por outro lado, as novilhas que dão à luz em idades mais jovens aceleram o retorno do investimento feito em sua criação e cuidados até o começo de sua vida reprodutiva.

Dessa forma, intervalos entre partos mais curtos resultarão em um retorno mais significativo em relação aos gastos fixos e operacionais dentro de um rebanho de cria, visto que o aumento do custo de natalidade influencia no crescimento da receita.

Podemos afirmar que o fator mais crucial na avaliação do desempenho reprodutivo do rebanho é o Intervalo Entre Partos (IEP). Isso se deve ao seu impacto direto na lucratividade da operação e também às limitações que impõe às estratégias de seleção.

As estimativas de herdabilidade para essa característica variam de baixa a moderada magnitude.

A idade em que a característica é analisada representa o período de retorno do investimento com a novilha, ou seja, a idade em que a matriz recompõe seus gastos e proporciona lucratividade à propriedade.

Stayability (STAY)

As DEPs para a característica stayability (STAY) são apresentadas em porcentagem e indicam a probabilidade de as filhas de um reprodutor permanecerem no rebanho, de forma produtiva, a uma idade preestabelecida.

Esta característica pode ser trabalhada atribuindo-se o valor 1, para as vacas que conseguiram ter três partos até os seis anos de idade, e valor 0, para as que não conseguem atingir este alvo, já que se trata de uma característica binária.

Os diferentes valores atribuídos possibilitam a análise das variações genéticas de forma a considerar a longevidade das vacas no rebanho e as diferenças no ranking dos touros, quando são considerados a definição usual ou padrão, que é 0 ou 1.

Logo, a integração desta característica nos programas de avaliação genética seria capaz de permitir a identificação de touros que proporcionariam progênies com maior chance de permanecerem produtivas no rebanho por maior período.

Os aspectos econômicos, produtivos e reprodutivos estão interligados à longevidade da vida produtiva da matriz. Isso faz com que o sistema de produção utilize essa longevidade como um indicador para avaliar a eficiência dos animais.

No entanto, se a avaliação dessa característica for realizada tardiamente, o resultado será um aumento no período entre as gerações de animais e uma redução nos avanços genéticos anuais.

A stayability engloba, indiretamente, a precocidade sexual das novilhas, já que estabelece determinado número de partos até uma certa idade definida.

As estimativas de herdabilidade para a característica são de baixa a moderada magnitude.

Período de Gestação (PG)

O Período de Gestação (PG) é uma característica que mostra certa constância, já que não recebe muita influência do meio. Trata-se de uma característica que sofre de pequena variação e exerce importante reflexo econômico na pecuária de corte.

De maneira resumida, a durabilidade da gestação está relacionada ao ciclo reprodutivo, embora não seja precisamente uma medida correta de fertilidade. Veja:

Os bezerros de gestações mais curtas nascem mais leves e geralmente resultam em uma maior quantidade de quilogramas produzidos por hectare a cada ano, o que significa, em média, aumento do intervalo entre o nascimento e a desmama.

Fêmeas que têm um tempo de gestação mais curto possuem algumas vantagens em relação àquelas com um tempo maior de gestação. Isso está relacionado com o peso do filhote ao nascer e com a probabilidade de complicações no parto, chamadas de distocia.

Essas diferenças podem ser influenciadas pela seleção focada em aumentar o peso dos animais no momento do desmame, o que também pode aumentar o tamanho do corpo dos animais.

Os menores PG produzirão bezerros mais leves ao nascimento, tendo em contrapartida maior período para a fase de aleitamento até à desmama.

O PG tem relação com a produção de bezerros mais leves ao parto, fazendo assim a diminuição de partos distócicos e aumentando chance de reconcepção da vaca na próxima estação de monta.

A probabilidade de parto precoce denominado por 3P é uma característica que indica precocidade sexual.

A DEP 3P expressa a chance de um touro produzir filhas que, quando precocemente desafiadas, se tornam prenhas, continuam a gestação e dão à luz um bezerro saudável antes de completarem 30 meses de idade.

A estimativa de herdabilidade para característica “3P” é de alta magnitude. Os ganhos genéticos dependem da seleção de animais superiores para a característica desejada, a fim de apurar a eficácia dos resultados.

A precocidade sexual tem sido bastante considerada pelos programas de melhoramento genético, tendo em vista avaliar as influências dos aspectos genéticos na expressão da característica 3P.

Perímetro Escrotal (PE)

O tamanho do escroto (Perímetro Escrotal, ou PE) é um indicador da fertilidade em novilhas, especialmente relacionado à idade em que atingem a puberdade.

O perímetro escrotal é selecionado com o objetivo de diminuir a idade à puberdade da progênie, não apenas visando aumentar seu valor.

Os programas de melhoramento genético visam selecionar animais com melhor valor genético e fenotípico.

Com intuito de proporcionar maior ganho genético, o perímetro escrotal se destaca, pois possui uma estimativa de herdabilidade alta e está correlacionado com a precocidade sexual, a qualidade dos espermatozoides e o peso dos indivíduos.

Vale lembrar que o manejo alimentar exerce influência no desenvolvimento do perímetro escrotal.

Nesse sentido, dietas mais nutritivas, juntamente com um ambiente materno adequado, como uma boa produção de leite pela mãe, podem resultar em melhores condições nutricionais para os filhotes.

Isso, por sua vez, pode influenciar positivamente a taxa de crescimento dos testículos.

O PE possui uma herdabilidade maior em comparação com a característica do Intervalo entre Partos (IPP). Por essa razão, o PE terá maior ganho genético através da seleção.

Além disso, ele está correlacionado favoravelmente com a idade em que ocorre a puberdade e com o IPP.

Com estas informações percebe-se que a seleção indireta do perímetro escrotal pode trazer benefícios para outras características reprodutivas.

O perímetro escrotal é uma característica de herdabilidade variando de moderada a alta, com estimativa de correlação positiva com o ganho de peso e que exerce influência nas características reprodutivas dos animais.

Em conclusão, fica evidente que o aprimoramento genético na pecuária desempenha um papel fundamental na busca por animais mais produtivos e eficientes.

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Até mais!

Autor: Eduardo Silas Pires Abbadia - Zootecnista