Termografia Infravermelha como Técnica Auxiliar na Avaliação Andrológica

Categoria: Reprodução
Infra

Os touros possuem alta quota de responsabilidade nos índices reprodutivos do rebanho, uma vez que um único touro acasala com um grande número de fêmeas em regime de estação de monta natural e ainda, no caso de inseminação artificial, a disseminação do material genético do touro é ainda maior, pois um único ejaculado é capaz de fecundar centenas de fêmeas. Portanto, a avaliação do potencial reprodutivo do touro por meio do exame andrológico é necessária para seleção de animais com padrões reprodutivos morfofuncionais normais.

A fertilidade, é uma característica complexa e para chegar o mais perto possível da predição do potencial de um touro, a utilização de vários testes faz-se necessário. A avaliação andrológica por sua vez, compreende várias etapas que vão desde a avaliação clínica, exame do aparelho reprodutor completo e avaliação da qualidade do sêmen. Nesse sentido, algumas técnicas e análises são consideradas primordiais, como por exemplo, análise da cinética e morfologia espermática, no entanto, com o intuito de entender melhor a fisiologia e os mecanismos que controlam as funções testiculares, novas técnicas têm sido adicionadas como complementares ao exame andrológico, destacam-se a termografia infravermelha, por proporcionar informações relevantes sobre características térmicas dos reprodutores.

Termografia infravermelha da região escrotal (a esquerda) e da região ocular (a direita).

Termo

A termografia infravermelha (TIV) pode ser definida como uma técnica não invasiva de mapeamento térmico, que faz uso de radiação térmica emitida pelo corpo para determinar a temperatura superficial. A temperatura é predita a distância, e o tempo de medição é muito rápido, sem o uso de contato físico, o que classifica o método como não invasivo, seguro e indolor. Nos estudos sobre o sistema reprodutor do macho, a termografia tem sido utilizada para mensurar a temperatura superficial do escroto e relacioná-la com a termorregulação, e ainda, possibilita a avaliação do efeito das altas temperaturas ambientais na temperatura escrotal e seus reflexos na qualidade seminal dos reprodutores.

Por meio dos termogramas escrotais é possível mensurar a temperatura do polo proximal (TPP) e do polo distal (TPD) do escroto, e a partir destes pontos determinar o gradiente de temperatura (GT) escrotal, pela diferença entre TPP e TPD. Essas informações são indicativos da capacidade de termorregulação escrotal dos animais. Alguns estudos têm relatado que os animais com maiores GT apresentam melhor qualidade do sêmen comparado a animais com menores valores de GT, o que sugere que maiores valores de gradiente de temperatura estão relacionados com a melhor qualidade de sêmen produzida.

O uso da termografia infravermelha tem demonstrado confiabilidade não somente para avaliar a temperatura escrotal, mas também para predizer a temperatura corporal interna dos animais. Estudo relatam que a temperatura da região ocular mensurada por TIV apresenta correlação positiva com a temperatura retal, além disso, comparada a outras regiões do corpo avaliadas experimentalmente, é a região que apresenta valores de temperatura mais consistentes e menos variáveis, o que sugere ser a região orbital uma importante área demonstrativa da condição térmica do animal.

Tanto a temperatura corporal como escrotal sofrem influência da variabilidade climática, o que torna a técnica de TIV eficiente para avaliar a influência do estresse térmico no desempenho dos animais e auxiliar na seleção de animais mais adaptados ao clima.

Referências

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Autora: Luana Gomes Fernandes Médica Veterinária –UFPR/Setor Palotina; Mestre em Reprodução animal –UNESP/Jaboticabal.