A termografia infravermelha (TIV) pode ser definida como uma técnica não invasiva de mapeamento térmico, que faz uso de radiação térmica emitida pelo corpo para determinar a temperatura superficial. A temperatura é predita a distância, e o tempo de medição é muito rápido, sem o uso de contato físico, o que classifica o método como não invasivo, seguro e indolor. Nos estudos sobre o sistema reprodutor do macho, a termografia tem sido utilizada para mensurar a temperatura superficial do escroto e relacioná-la com a termorregulação, e ainda, possibilita a avaliação do efeito das altas temperaturas ambientais na temperatura escrotal e seus reflexos na qualidade seminal dos reprodutores.
Por meio dos termogramas escrotais é possível mensurar a temperatura do polo proximal (TPP) e do polo distal (TPD) do escroto, e a partir destes pontos determinar o gradiente de temperatura (GT) escrotal, pela diferença entre TPP e TPD. Essas informações são indicativos da capacidade de termorregulação escrotal dos animais. Alguns estudos têm relatado que os animais com maiores GT apresentam melhor qualidade do sêmen comparado a animais com menores valores de GT, o que sugere que maiores valores de gradiente de temperatura estão relacionados com a melhor qualidade de sêmen produzida.
O uso da termografia infravermelha tem demonstrado confiabilidade não somente para avaliar a temperatura escrotal, mas também para predizer a temperatura corporal interna dos animais. Estudo relatam que a temperatura da região ocular mensurada por TIV apresenta correlação positiva com a temperatura retal, além disso, comparada a outras regiões do corpo avaliadas experimentalmente, é a região que apresenta valores de temperatura mais consistentes e menos variáveis, o que sugere ser a região orbital uma importante área demonstrativa da condição térmica do animal.
Tanto a temperatura corporal como escrotal sofrem influência da variabilidade climática, o que torna a técnica de TIV eficiente para avaliar a influência do estresse térmico no desempenho dos animais e auxiliar na seleção de animais mais adaptados ao clima.
Referências
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Autora: Luana Gomes Fernandes Médica Veterinária –UFPR/Setor Palotina; Mestre em Reprodução animal –UNESP/Jaboticabal.