Estação de monta: conheça aspectos importantes para o sucesso do manejo

Categoria: Reprodução
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A produtividade da pecuária brasileira vem numa crescente constante. Para se ter uma ideia, em 2021 o rebanho brasileiro ficou estimado em 196,47 milhões de cabeças. Esse número apresenta um crescimento de 8,2% nos últimos 10 anos, apesar da diminuição nas áreas de pastagens de 191 milhões de hectares em 1990 para 163 milhões em 2018.

Muitos aspectos contribuíram para esse aumento de produtividade. Entre as melhorias na nutrição, no manejo e na sanidade, há um fator que merece destaque: a reprodução e o aumento do uso de práticas como a Inseminação Artificial (IA) e a Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) na estação de monta.

E é exatamente sobre isso que iremos conversar hoje. Se você quer entender como essas estratégias podem ser decisivas para o sucesso do seu manejo, é só seguir a leitura!

Por que fazer a estação de monta?

Primeiramente, falar em estação de monta, ou período de monta, é falar em eficiência reprodutiva. A técnica também contribui com formação de lotes uniformes de bezerros que, consequentemente, racionaliza as atividades de rotina, como pesagens e programas nutricionais.

A prática também eleva o bem-estar animal, já que oferece um período maior de recuperação das matrizes e dos touros para a próxima estação de monta.

Juntamente com isso, várias tecnologias têm sido adotadas, entre elas a inseminação artificial.

Dados da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (ASBIA), indicam grande aumento do uso de IA em matrizes de corte.

Inclusive, em 2017 apenas 11% das matrizes de corte foram inseminadas, ao passo que em 2021 esse número saltou para 26%, sendo que 93,3% das inseminações são IATF.

Como alcançar os melhores resultados com a IATF?

Para que a fazenda consiga resultados de fertilidade satisfatórios com a prática de IATF, é imprescindível uma estratégia adequada para a estação de monta. Mesmo não sendo assunto novo na pecuária, diversos pecuaristas cometem erros estratégicos, o que não permite que atinjam os melhores resultados possíveis.

O primeiro passo estratégico de uma estação de monta envolve a análise dos fatores de clima da região, conciliando as épocas do ano que possam proporcionar os maiores índices de prenhez das matrizes e as melhores condições para a criação das progênies.

No Brasil Central, de um modo geral, com verão chuvoso e inverno seco, o período mais adequado para a estação de monta pode variar de outubro a março.

Sob o mesmo ponto de vista, o estudo do clima local é importante para encontrar o intervalo ideal da estação, principalmente em regiões subtropicais, como o estado do Rio Grande do Sul.


Qual a duração ideal da estação de monta?

Esse é outro aspecto que deve ser analisado cuidadosamente, em função das características ambientais, da natureza da exploração pecuária e da escala do empreendimento. Da mesma forma, é essencial considerar o total de matrizes e as dimensões das áreas de pastagens da propriedade.

Em linhas gerais, a duração recomendada é de três meses, podendo ser estendida, dependendo das condições de cada fazenda. Quanto mais próximo dos 90 dias de duração, maiores serão os benefícios da estação de monta decorrentes da maior concentração de nascimentos.

3 dicas para ter uma estação de monta bovina bem-sucedida

O sucesso da sua estação de monta está atrelado a uma gestão cuidadosa da propriedade, que proporcione às matrizes as condições nutricionais adequadas. Veja a seguir 3 dicas para aprimorar os resultados.

1 - Dê importância à nutrição no período de monta

É essencial elaborar as melhores estratégias nutricionais para antes, durante e após a estação de monta.

Logo, um planejamento nutricional elaborado de acordo com a realidade da fazenda, genética dos animais, nível de tecnologia, índices atuais e as metas estabelecidas contribuirá para que o período de monta da sua fazenda seja bem-sucedido.

Nesse sentido, o planejamento nutricional precisa atender as necessidades das vacas em suas diferentes fases reprodutivas (mantença, gestação, lactação e crescimento).

2 - Nada de negligenciar o manejo do pasto

Na produção a pasto, é preciso definir a capacidade de suporte, a taxa de lotação e fazer um bom manejo de pasto para ter disponibilidade e qualidade de forragem.

Lembrando que, na estação seca do ano, a taxa de lotação é inferior à das águas, e o capim é de pior qualidade. Portanto, é necessário o uso de suplementos para fornecer os nutrientes que estão deficientes no pasto.

3 - Foque na qualidade do reprodutor

As taxas de fertilidade, além da nutrição, estão relacionadas diretamente com a qualidade do touro e/ou sêmen e protocolo utilizado. Afinal, pode-se colocar toda a estação a perder quando não se faz exame andrológico prévio dos touros ou análise do sêmen a ser utilizado ou uso inadequado de protocolos de sincronização. Isso faz com que a escolha de produtos e sêmen de centrais confiáveis seja imprescindível.

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Para garantir que esses aspectos sejam cumpridos da melhor forma possível, é necessário o uso de mão de obra qualificada em reprodução, bem como o treinamento constante da equipe de manejo da fazenda.

O implemento individual das estratégias citadas acima, por si só, não é suficiente para garantir os melhores resultados. É necessário o monitoramento do desempenho da sua fazenda através do acompanhamento dos índices zootécnicos, em especial dos índices ligados à reprodução.

Dessa forma as tomadas de decisão ao longo da estação são facilitadas, e ajustes na estratégia podem ser feitos.

Com a execução das estratégias citadas, equipe treinada e motivada, e monitoramento dos resultados, as chances de sucesso da estação de monta crescem consideravelmente, aumentando assim a produtividade e o lucro da fazenda.


Esse é um daqueles conteúdos que valem MUITO a pena compartilhar com sua equipe e colegas da área. Esperamos que tenha gostado.


Nos vemos em breve!